*Por Jussara de Paula
Você já parou para observar a rica vegetação que margeia os manguezais da nossa cidade? Considerado por alguns como um ambiente diferente, a flora, nome que damos aos organismos vegetais presentes na vegetação deste ambiente é conhecida como mangue.
Constituída de formatos bem diferentes, com raízes expostas (denominada raízes aéreas), folhagens e flores configuradas em um emaranhado vivo e exuberante, suas árvores são caracterizadas por crescerem em águas salobras, influenciadas pelas marés e feições de banco de lama, com substratos orgânicos e acúmulo de nutrientes que dão as cores e cheiros tão característicos destes ecossistemas.
Os manguezais interagem nestes locais para sintetizar matéria orgânica de origem animal e vegetal, que vivem, se reproduzem e morrem nestes ambientes de ciclos biológicos e bioquímicos diversos. Também são encontradas algas e vegetais microscópicos capazes de sobreviver a condições hipersalinas, favorecendo e sustentando a alimentação de diversas espécies de crustáceos, aves e outros animais.
No Brasil, as árvores encontradas nos manguezais que ocorrem ao longo de boa parte do seu litoral, em áreas estuarinas são: o Mangue Vermelho, com raízes especiais que servem para fixar no solo lamacento e cujas sementes acabam germinando ainda presas à planta mãe, formando estruturas chamadas de canetas, que se soltam e caem no solo, onde se fixam e se desenvolvem; o Mangue Preto, cujas raízes saem do solo para que a árvore consiga respirar, em função do pouco oxigênio presente neste local; e o Mangue Branco, localizado nas áreas mais afastadas dos rios, cujas folhagens ao serem tocadas possuem uma camada de sal. Isto acontece porque este tipo de mangue possui uma glândula que elimina o excesso de sal que a planta absorve da água salobra.
Percebe-se que a vegetação de mangue se adaptou às condições extremas de salinidade, ventos e insolação características das zonas litorâneas, mas também, possuem uma função importantíssima de fixação de carbono e proteção dos trechos estuarinos que sofrem com processos erosivos ou de intensidade das marés em períodos de ressacas. Assim, a conservação e manutenção destes ambientes são importantíssimas para o bom desenvolvimento local e disponibilidade de proteína marinha (crustáceos e peixes) fonte de renda de pescadoras e marisqueiras, tão tradicionais em nossa economia e turismo.
*Jussara de Paula é analista de meio ambiente do RioMar Recife.
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