Conexão Sustentável RioMar mostra que a sustentabilidade acontece agora
Fotos: Paloma Amorim/Especial para o RioMar Recife

Conexão Sustentável RioMar mostra que a sustentabilidade acontece agora

Sim, a sustentabilidade é possível hoje. Exemplos de vida de três pessoas completamente diferentes mostram que toda mudança começa com pequenas atitudes. Essa foi a tônica da 4ª edição do Conexão Sustentável, evento promovido pelo RioMar Recife, nessa segunda-feira (3), no Teatro RioMar, para debater a importância dos oceanos e que contou com a participação do campeão de surf e ativista ambiental Carlos Burle, do analista de conservação no Programa Marinho do WWF Brasil, Vinícius Nora, e da apresentadora e Defensora da ONU Meio Ambiente Brasil na Campanha Mares Limpos, Fe Cortez.

Com o Dia Mundial dos Oceanos, comemorado no dia 8 de junho, como pano de fundo para debater o tema, o biólogo e analista de conservação no Programa Marinho do WWF Brasil, Vinícius Nora, iniciou a discussão trazendo dados reais e preocupantes sobre a saúde dos ecossistemas marinhos. “80% do lixo nos oceanos são de origem das cidades. Além disso, o Brasil é o quarto maior produtor de plástico do mundo e apenas 1,28% de todo esse material produzido é reciclado”, revela Vinícius.

A frieza dos números não esconde os impactos reais na natureza. De acordo com o biólogo, cerca de mil tartarugas marinhas morrem anualmente em consequência do lixo depositado nos oceanos. “O tema em torno de o plástico estar na moda hoje em dia não é à toa. O impacto deste produto no meio ambiente é chocante, uma vez que 1/3 de todo plástico produzido no mundo está inserido na natureza, seja nos ambientes terrestres, nas águas doces ou no ambiente marinho”, explica o analista do WWF Brasil.

Para ele, as soluções encontradas, além de passarem pela mudança de hábito de cada um, também devem ser cobradas das empresas produtoras de plásticos. “O preço do material produzido é barato. No entanto, o valor pago pelo meio ambiente é caro demais. Por isso, uma alternativa seria agregar o custo dos impactos negativos sobre a natureza no valor final do plástico produzido pelas empresas”, destaca Vinícius Nora.

Em seguida, a ativista ambiental Fe Cortez deu uma aula de como a sustentabilidade pode fazer parte do dia a dia de qualquer pessoa. “Trabalhei dez anos com moda e depois de um tempo percebi que aquilo não me fazia mais feliz. Foi quando em 2012, enquanto assistia ao documentário ‘Trashed’, me senti desconfortável no cinema. Eu precisava fazer algo. Não era possível ficar inerte sabendo que estávamos transformando os oceanos em um grande lixão”, disse Cortez.

Ela então passou a estudar sobre sustentabilidade e trazer para a prática pequenas atitudes como o uso e a distribuição entre os amigos de copos reutilizáveis. “E aí, em 2015, criei minha empresa Menos 1 Lixo. Sim, empresa. Porque queria provar que era possível ser uma empresa com responsabilidade ambiental e que podia empregar gente em um negócio de impacto. A gente pode ter um mercado que funciona em outra lógica”, explica Fe, que também é Defensora da ONU Meio Ambiente Brasil na Campanha Mares Limpos.

Fe Cortez deu o recado: “Em um ano minha atitude economizou 1.618 copos descartáveis. Mudou minha relação com o mundo. A gente precisa ter em mente que dividimos o planeta com outros seres. Vejo as pessoas falando ‘jogar o lixo fora’. Não existe isso de ‘fora’. A gente se acostuma a pensar de forma industrial. Mas veja, eu sou só um indivíduo fazendo uma coisa diferente. E quando formamos uma rede passamos a ter poder”, destaca Fe Cortez.

Em resumo, propósito. E por falar em propósito, o surfista campeão mundial de ondas gigantes Carlos Burle trouxe a própria história como inspiração para o público. “Queriam que eu fosse igual a todo mundo. E eu pensava: ‘Pô, será que ninguém me entende? Eu queria outras coisas. Foi quando passei a surfar e mais do que o surf, a minha paixão sempre foi ter qualidade de vida”, afirmou Carlos.

E mesmo após ter conseguido êxito como surfista e se sentir conectado com a natureza, Carlos Burle ainda sentia-se instatisfeito. “Eu queria mudar o mundo e não conseguia. Isso me deixava triste. Foi quando percebi que o que eu precisava, na verdade, era mudar a mim mesmo. E isso se deu com autoconhecimento e com escolhas mais conscientes, que me fizeram finalmente feliz”, contou o esportista.

Para Burle, o processo de transformação individual contagia as outras pessoas e tem a capacidade de moldar o mundo. O pensamento de Carlos compartilhado com a plateia sintetizou as palestras da noite. “A gente é um organismo só. Somos um planeta vivo. Tudo que a gente quer viver amanhã, a gente consegue hoje. A cada momento eu escolho o hoje pensando no amanhã”, concluiu o campeão mundial.

E você? O que pode fazer pelo amanhã, hoje?

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