Estamos atravessando uma das fases mais desafiadoras da humanidade. É que com o avanço do novo coronavírus sobre o mundo, foi preciso adotar o isolamento social como forma de frear o ritmo acelerado de contágio. No entanto, como geralmente acontece com toda mudança brusca, a adaptação à nova rotina veio marcada pela dificuldade. Por isso, recomendações para se manter saudável são sempre bem-vindas. Então, quem melhor para falar sobre isolamento do que alguém que já passou uma parte da vida no espaço? Foi com o propósito de ajudar as pessoas que a astronauta Helen Sharman usou sua experiência quando estava distante até mesmo da própria Terra para dar dicas de como enfrentar a situação atual.
A ajuda de Helen veio por meio de conselhos divididos em seis tópicos publicados no site da Imperial College London, na Inglaterra, onde a astronauta trabalha. Vamos lá:
1. “Precisamos entender as frustrações um do outro”
Helen alerta que viver em um espaço confinado com outras pessoas exige respeito e tolerância. Como os astronautas não selecionam a tripulação, saber cooperar é uma característica importante para ser escolhido. E a comunicação é essencial: precisamos entender não só as frustrações do outro, mas também o que nos incomoda e o que nos ajuda a relaxar.
2. “Compartilhar tempos difíceis pode ser uma experiência de conexão”
“Na época do meu voo espacial (…) Minha tarefa era operar uma câmera periscópica para que o comandante pudesse ver para onde estava indo. Se perdêssemos a estação espacial por uma milha, poderíamos ter uma segunda tentativa de atracar, mas se perdêssemos o porto de atracagem por alguns centímetros, poderíamos danificar nossa espaçonave e a estação. Sabíamos que dependíamos um do outro para nossas vidas”, relata Helen mostrando como o trabalho em equipe é importante.
3. “Ainda temos algum controle”
Mesmo com as tarefas distribuídas entre os astronautas, Helen relembra que tinha pequenas coisas sobre as quais ela podia exercer algum controle, como escolher o tipo de suco de frutas para beber e quando era hora de dormir. “Mesmo ‘presos’ dentro de casa, ainda temos algum controle. Ninguém está nos dizendo qual livro ler ou a que horas acordar. E existe um grande objetivo: salvar vidas”, ela diz. “Podemos ter metas e realizar conquistas todos os dias.”
4. “Eu tinha planos e sistemas de backup”
A astronauta não estava assustada ou ansiosa com os riscos da viagem espacial porque ela sabia o que fazer em situações de emergência. “Eu sabia o que fazer em outras situações fora do padrão, como perda de contato com o rádio ou um encaixe manual”, diz Sharman. Ela lembra como é importante para nós agora ter contatos de fácil acesso e distribuir atividades caso você não consiga realizar algo sozinho, como cuidar do seu animal de estimação, por exemplo.
5. “Planeje algo agradável para o futuro”
“Com tempo de sobra, podemos fazer o que sempre desejamos, mas antes estávamos muito ocupados”, diz Sharman. Os astronautas em missões de longa duração, por exemplo, gostam de assistir a filmes e ler livros. “Na Terra, mesmo em casa, temos atividades para escolher. E podemos planejar algo de bom, porque isso não vai durar para sempre”, afirma Helen.
6. “Temos tempo para apreciar as coisas”
“Uma das coisas que minha equipe e eu adorávamos fazer no final do dia de trabalho no espaço era olhar pela janela. Ver luzes nas cidades aparecerem quando entramos no crepúsculo foi mágico”, relata a astronauta. Helen ainda pôde ver o nascer do sol, a neve, os desertos, oceanos e as nuvens de um lugar privilegiado. E por que a nossa casa não pode ser também um lugar privilegiado?
Outra coisa importante é ver que nossa felicidade não necessita de riquezas e objetos valiosos.”De volta à Terra fui confrontada pelo materialismo, rebaixei o valor relativo das ‘coisas’ em minha vida e acho que a Covid-19 terá um efeito semelhante em muitos de nós”, reflete Sharman.
Helen Sharman
Em maio de 1991, a química Helen Sharman se tornou a primeira e única cidadã britânica a ir para o espaço, com destino à estação espacial russa Mir, para realizar pesquisas científicas.
A missão durou apenas oito dias, mas Sharman se preparou por mais de um ano para esse momento. Hoje ela trabalha na Imperial College London, na Inglaterra.
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