*Por Jussara de Paula
Pensar em manguezais sempre nos remete imediatamente apenas a crustáceos como caranguejos e siris. Mas a fauna deste local é composta de diversas qualidades de animais aquáticos, mamíferos e aves. E isto é devido a grande disponibilidade de nutrientes e proteínas das cadeias alimentares que ali se formam, tornando o espaço de rotas migratórias de aves, alimentação e desenvolvimento de micros e macros organismos, que por sua vez alimentam outras espécies.
Grande parte dos animais que habitam os manguezais passam uma pequena parte de sua vida nestes locais. Os camarões, por exemplo, antes de se deslocarem para os oceanos, em sua fase de larva até tornarem-se jovens, se desenvolvem dentro do manguezal e lá permanecem durante a fase do crescimento.
Alguns animais que não se deslocam voluntariamente do seu local de fixação, chamado de sesséis, permanecem a vida toda no manguezal. É o caso dos sururus, unhas de velho, ostras e mariscos em geral. Assim como outras espécies, desenvolveram adaptações para suportar as variações ambientais, seja pela falta de umidade, devido a maré baixa ou da salinidade na maré cheia, além dos impactos causados por atividades humanas. Também, os citados caranguejos, siris e aratus, que possuem capacidade de locomoção e pela sua composição física, são capazes de enterrar-se em galerias que escavam no solo ou sobem nos troncos e raízes das árvores de mangue.
Os manguezais também são frequentados por pontinhos brancos, que visto de mais perto são as garças, além de gaviões, canários e sanhaçus que utilizam deste local para abrigo e descanso, construindo seus ninhos para reprodução.
Peixes como sardinhas, garoupas, tainhas, manjubas, cavalos-marinhos e até tubarões também frequentam o mangue para reprodução e alimentação, e fazem parte deste cenário um dos maiores mamíferos brasileiros: o peixe- boi marinho e o curiosíssimo sagui, que andando em bandos, estes macaquinhos, opostos ao peixe-boi estão entre os menores mamíferos da fauna.
Todo esse complexo ecossistema é capaz de manter e abrigar essa riquíssima variedade de espécimes animais e vegetais, sendo considerado, portanto, berçário para organismos que vivem entre os rios estuarinos e o oceano.
*Jussara de Paula é analista de meio ambiente do RioMar Recife.
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