“O que você toma é mesmo café?”. O tema da palestra da barista, mestre de torra e cafeóloga Sílvia Magalhães já informava o que viria a seguir. A especialista falou para um público atento, formado por baristas e coffee lovers, no Circuito do Café RioMar, nessa segunda-feira (15). A pergunta de Sílvia faz todo sentido. O Brasil é o maior produtor mundial de café, mas apenas 3% do consumo nacional é de cafés especiais (aqueles que são feitos com grãos perfeitos, torrados na medida certa, que expressam todo potencial da qualidade sensorial).

Mas quais são as características sensoriais do café? Sílvia explicou: fragrância, aroma, acidez, corpo, amargor, doçura. O maior desafio, disse ela, é tirar o açúcar da xícara de café do brasileiro. “Quando tomamos um bom café, não usamos açúcar. O açúcar compromete as características sensoriais do café. Não conseguimos perceber as notas”, afirmou.

A torra é outro ponto muito importante. “Até o melhor café, o mais premiado do mundo, pode perder toda a sua qualidade no processo de torra”, explicou. Além disso, o ideal é comprar os grãos para moer em casa. “Depois de moído, o café deve ser consumido em até trinta minutos”, destacou.

Sílvia também desmistificou que “café bom é café forte”. Segundo a especialista, nos acostumamos a tomar café forte porque a qualidade da bebida que tomamos não é a melhor”.

O barista Marcos Roberto sempre está presente em eventos sobre o tema e não foi diferente no Circuito do Café. “Sílvia é muito respeitada e, quando soube que ela estava aqui, me organizei para vir. O café é algo que sempre está mudando, por isso precisamos estar nos atualizando”, disse.

“Sobre a questão da conscientização entre o café tradicional e o especial, hoje, nas cafeterias, buscamos ensinar as pessoas sobre essa diferença, destacando as qualidades do café especial”, afirmou o barista. Sobre o consumo na cafeteria em que trabalha, localizada na Zona Sul do Recife, ele diz que os mais velhos são mais resistentes ao café sem açúcar. “Os mais jovens estão abertos a novas opções porque já entendem que a fruta mais madura não precisa ser adoçada “, destacou Marcos.

Marcos se refere a pessoas como a estudante de educação física Mônica Lins, que também estava na palestra, e revelou que descobriu o café especial há dois anos. “A transição não é fácil. Aprendi a tomar café sem açúcar há pouco tempo. Fui acostumando meu paladar e descobrindo os sabores do café de qualidade”. Hoje, Mônica e o marido, André, fazem todo o ritual em casa: eles moem o grão e usam até dois tipos de método, o Aeropress ou V60.

MAIS PALESTRAS

Nesta terça e quarta (16 e 17) tem mais palestras gratuitas como parte da programação do Circuito do Café RioMar. O evento começa às 19h, no Piso L3.

» DÉBORA LEMOS SILVÉRIO XAVIER

Coordenadora de Produtos das marcas Granado e Phebo e com experiência de mais de 6 anos em desenvolvimento e Marketing de produtos, incluindo categoria de perfumaria. Apaixonada pelo mundo da perfumaria é responsável também pelas fragrâncias das marcas, desde a criação do conceito, avaliação olfativa e desenvolvimento do produto final. A marca está com o lançamento da linha Arábica, que homenageia a espécie de café mais cultivada do Brasil.

Tema: “Perfume Arábica: uma homenagem ao café”.

» ROMOALDO DE SOUZA

Jornalista e colunista político, Romoaldo apresenta há dez anos o programa de rádio Café e Conversa, o único sobre café no Brasil. Coffee lover convicto, Romoaldo estudou, fez cursos e se tornou um especialista. Hoje, atua como juiz em campeonatos de baristas.

Tema: “Evoluindo do Café tradicional ao especial”

Você poderá escolher uma ou até as duas palestras. Porém, um mesmo CPF não poderá estar inscrito duas vezes na mesma palestra. Feito o processo, basta apresentar um documento com foto ou o comprovante da inscrição no dia do evento. São 250 vagas por palestra e a gente lembra que após 15 minutos do início de cada uma delas, as vagas serão liberadas.