Quando a lente do olho, chamada de cristalino, está opaca, ela passa a ser chamada de catarata. Típica em pessoas idosas, a doença pode surgir em qualquer idade. De acordo com a médica Dra. Bruna Ventura, oftalmologista do Hospital de Olhos de Pernambuco (HOPE), ela pode acometer, inclusive, crianças. Em todos os casos, é muito importante o diagnóstico precoce e o acompanhamento com um especialista para definir o melhor tratamento para cada paciente.
Relatórios da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que cerca de 2 milhões de crianças em todo o mundo possuem cegueira provocada pela catarata. Ainda de acordo com a OMS, é a principal causa de cegueira infantil tratável e que pode ser evitada. Essa opacificação do cristalino dificulta a entrada da luz no olho da criança, podendo atrapalhar seu desenvolvimento visual. Ela pode afetar um ou ambos os olhos e pode estar presente desde o nascimento (quando é denominada “catarata congênita”) ou desenvolver-se ao longo dos meses ou anos subsequentes (quando é denominada ‘catarata infantil’). A identificação pode ocorrer por meio do teste do olhinho ou por observação dos pais, responsáveis ou até mesmo professores em relação a alguma alteração no olho da criança.
“O perigo da catarata na criança é que, assim como todo o corpo nessa fase, o olho também está se desenvolvendo. A partir do momento em que a criança nasce, teoricamente, ela já abre o olho e começa a ter estímulos visuais que vão ser muito importantes para o desenvolvimento da sua visão, e do seu corpo como um todo. Então, uma criança que tem uma dificuldade visual, tem mais dificuldade de se desenvolver motora e cognitivamente. O ideal é a gente conseguir eliminar essa dificuldade em relação ao desenvolvimento visual da criança para que não tenha interferência no resto do desenvolvimento dela”, pontua a médica oftalmologista Dra. Bruna.
Há crianças que têm uma opacificação parcial do cristalino e que, com o uso de óculos e tampão, conseguem obter um desenvolvimento visual adequado. Por outro lado, quando esta opacificação é maior, esse tratamento clínico pode não ser mais eficaz. Nesses casos, está indicada a cirurgia. “A catarata na infância, quando diagnosticada e tratada precocemente, pode não ser um obstáculo para o desenvolvimento normal da visão. Quando os médicos oftalmologistas, o terapeuta e os pais trabalham em equipe, a criança tem grandes chances de desenvolver normalmente a visão do olho afetado”, finaliza a Dra. Bruna Ventura.
Intervenção cirúrgica
Se o tratamento indicado pelo oftalmologista para a catarata infantil for a cirurgia, o procedimento realizado é uma “troca” de lentes: a natural do olho que está opaca, por uma transparente, que permita a entrada normal de luz para dentro do olho. A lente implantada permanecerá para o resto da vida no olho da criança. “O momento ideal para a cirurgia é determinado através de uma avaliação com o oftalmologista; porém, de uma forma geral, caso a catarata esteja comprometendo a visão ao ponto de não ter mais indicação de tratamento clínico, o quanto antes se operar melhor, desde que a criança tenha mais que dois meses de vida. Na indicação da cirurgia, o oftalmologista sempre avalia o risco e compara com o possível benefício”, ressalta Dra. Bruna Ventura.
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