É preciso transformação. Sim, mudar o estado atual das “coisas” é fundamental para a saúde do planeta. E o empreendedorismo social é peça-chave para que isso aconteça; faz parte da sustentabilidade. Parafraseando o fundador da Bio Fair Trade (empresa baseada no Comércio Justo), Márcio Waked, mediador do Conexão Sustentável, evento promovido pelo RioMar Recife, nesta quinta-feira (26), no Cinemark: “Toda ação e qualquer movimento que traga benefício socioambiental é empreendedorismo”.
Além de Waked, o evento contou com a participação de Edgar Andrade, do Fab Lab Recife, de Mariana Amazonas, co-fundadora e diretora de sustentabilidade da Elemental (PE) e Matheus Cardoso, do projeto Moradigna (SP). E Edgar foi firme: “Esse modelo atual de consumo em que poucos têm muito, muitos têm pouco e muitos ainda não têm nada precisa ser repensado. É preciso um novo modelo de consumo, uma sociedade do compartilhamento. Um caminho é o movimento maker”, afirmou o fundador do primeiro laboratório de fabricação digital do Nordeste, o Fab Lab Recife. Para Edgar, a tecnologia não é o fim, e, sim, o meio que ajuda a produzir coletivamente as máquinas e consequentemente diminui as “burocracias” impostas pelas patentes. Conhecer e compartilhar. Simples assim.
A simplicidade, por sinal, deve permear a direção da mudança que o meio ambiente exige. A natureza não suporta mais o desgaste causado pelas ações humanas, segundo a co-fundadora e diretora de sustentabilidade da Elemental (PE), hub de tecnologias sustentáveis, Mariana Amazonas. Para ela, “É preciso uma ecologia das coisas, um olhar ambiental nas coisas que fazemos. Soluções baseadas na natureza”, disse Mariana.
E ela continuou: “Nossa capacidade de destruição está muito avançada. Há migrações acontecendo no mundo todo por falta de recursos básicos, como água, por exemplo. É um sistema criado no passado e que hoje comprovamos que não funciona mais. A abundância deve ser compartilhada. Precisamos de menos competição e mais cooperação”, sentenciou Mariana Amazonas, que ainda desenvolve projetos voltados para despoluir os rios.
Encerrando o evento, Matheus Cardoso, do projeto Moradigna, de São Paulo, trouxe a própria vida como case de sucesso. “Cresci no Jardim Pantanal, uma região carente e que cresceu às margens de um rio, o Tietê. E isso fez com que o desafio de viver por lá fosse ainda maior, já que as enchentes atormentam a vida de quem mora próximo a rios”, destacou Matheus.
Ele conta que certa vez viu o desespero no olhar de sua mãe quando as águas invadiram a casa onde moravam e ela pediu desculpas por isso. A situação mexeu com o rapaz, na época com apenas sete anos, e o fez ter um propósito de mudar não apenas a realidade da sua família, mas também a de várias outras do local.
“A gente sempre pode começar qualquer coisa com o que a gente é e com o que a gente tem na mão. Comecei o projeto reformando casas de quem não tem condições financeiras para isso com a ajuda do meu padrinho e pegando dinheiro emprestado com a minha irmã. Hoje já são mais de 500 reformas feitas pela Moradigna, num país onde 40 milhões de brasileiros estão vivendo em condições insalubres”, contou Matheus Cardoso.
Para a diretora de Desenvolvimento Social e Relações Institucionais do Grupo JCPM, Lúcia Pontes, a iniciativa promovida pelo RioMar, já em sua quinta edição, veio para contribuir com soluções concretas no dia a dia das pessoas. “Desta vez, trouxemos experiências que de forma cooperativistas podem contribuir para resultados dentro da própria comunidade. Sustentabilidade significa qualidade de vida, cuidar de pessoas e promover mudanças comportamentais que possam ajudar para termos um mundo melhor. E isso passa pela economia criativa e ações inovadoras”, concluiu Lúcia.
Ah, e vale a menção a Cleydson Assunção, jovem que faz parte do Instituto JCPM, e que nas horas vagas vira o rapper Alaka. O rapaz deu um show de rimas e deixou o refrão no ar: “O que você faz pela sua vida hoje? O que você faz pelo planeta hoje?”
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