Dando início ao Mangue Day, evento promovido pelo RioMar Recife, uma série de palestras trouxe à pauta questões de sustentabilidade com foco na preservação dos mangues, nesta quinta-feira (25), no Cinemark. Para uma plateia que lotou a sala de cinema, Antônio Carlos Pavão, diretor do Espaço Ciência, Clemente Coelho, professor da UPE, Maíra Braga, gerente de Unidades Protegidas da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente e Eduarda Nascimento, coordenadora de projetos socioambientais da Associação Peixe Boi – AL, falaram sobre suas atuações e revelaram as múltiplas faces dos manguezais.
O momento foi aberto pelo professor e pesquisador Pavão, que expôs todo o trabalho realizado no manguezal do Espaço Ciência. Após visitar alguns museus de preservação ambiental na França e Inglaterra, o cientista percebeu o quão gigante é o ecossistema de mangues no Brasil se comparado com os europeus. Por isso, o manguezal Chico Science – após revitalizado – virou campo de estudos dos alunos, ambiente natural de várias espécies que agora habitam lá, além de se tornar palco de inúmeras visitas.
Em seguida, o professor Clemente deu continuidade revelando que após a morte de um renomado ativista ambiental no Equador, a data 26 de julho fora escolhida como o dia do mangue. O pesquisador ainda revelou dados importantes como fato do Brasil deter a segunda maior área de manguezal do mundo, somando um total de 1.226.444 hectares, sendo Pernambuco responsável por 17.633 deles. O professor chamou a atenção para um tópico necessário: “Não devemos citar o manguezal apenas como objeto a ser preservado, mas também como elemento de utilização consciente e ampliação”, afirmou Clemente. Ele ainda enfatizou os benefícios de um mangue saudável como, por exemplo, controle de inundações, estabilização de micro-clima, turismo e patrimônio cultural.
O segundo painel teve início com Eduarda Nascimento. Ela trouxe sua experiência com a Associação Peixe-Boi para, a partir disso, mostrar mais um caminho de preservação e utilização do mangue. Sua equipe realiza o turismo de base comunitária para visitação do peixe-boi-marinho no Rio Tatuamunha, Porto de Pedras (AL). “A princípio, o projeto era apenas turístico, mas ganhou espaço e hoje fazemos pesquisas com animais, preservação do rio e atuamos com palestras educativas para as crianças, levando informações gerais sobre o manguezal”, contou Eduarda.
Além disso, já estão sendo desenvolvidos projetos que envolve artes plásticas com materiais reciclados, aula de culinária com frutos do mar e eventos temáticos que também geram reflexão, como o “forró do peixe-boi” e o “bumba meu peixe-boi.”
“É muito bom ver um espaço lotado para debater sobre preservação, turismo sustentável e as questões de meio ambiente”, assim iniciou sua fala Maíra Braga. A gerente fez uma viagem pelo Recife em sua apresentação e evidenciou como a capital pernambucana é marcada pela presença de mangues e florestas revelando a imensa área verde da cidade que destoa da agitação urbana. Maíra também ressaltou a importância das pescadoras, enfatizando não apenas a profissão, mas o papel da mulher como um todo na manutenção dos manguezais. Ela ainda trouxe o Recife da arte e cultura mostrando como o ilustre escritor Josué de Castro já escrevia sobre o mangue e como a obra de Chico Science ainda continua viva fazendo a ponte entre o manguezal e o homem.
Já o gerente de desenvolvimento socioambiental do Grupo JCPM, Sergio Mafioletti, destacou a relevância de eventos como o Mangue Day. “A importância é de levar informações que muitas vezes estão dentro da academia para um público diversificado, que inclui desde clientes até moradores do entorno. É um caminho para a conscientização das responsabilidades individuas para um público que não está imerso nessa temática, diariamente”, declarou Sergio.
E para finalizar, foi inaugurado, na Praça de Alimentação, Piso L3, a obra “Caranguejo Uçá”, do artista Antônio Paes. Uma vez que essa espécie de caranguejo é uma das principais no ecossistema dos mangues, a escultura foi exposta como mais uma forma de refletir sobre a preservação dos manguezais.
A programação continua
Nesta sexta-feira (26), a partir das 15h acontece o Jogando Limpo com o Mangue na área externa do RioMar com a proposta de realizar intervenções socioambientais no entorno do empreendimento. E às 16h, entra em cena no Teatro RioMar, a peça “Era Uma Vez na Terra – Preservando o Mangue”. A encenação conta a história de um cientista que cria uma máquina do tempo e traz para o presente uma índia e um homem do futuro. Estes personagens viajam por biomas brasileiros mostrando os danos que o homem causa ao planeta.
Mangue Day RioMar traz peça teatral em prol do meio ambiente
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