No RioMar Entre Elas, histórias de vida que fortalecem as mulheres
Fotos: Paloma Amorim/Especial para o RioMar

No RioMar Entre Elas, histórias de vida que fortalecem as mulheres

Glória Maria, Fabiana Karla e Bárbara Paz. Uma carioca, uma pernambucana e uma gaúcha. Três mulheres brasileiras comuns às mais de cem milhões de mulheres que existem no País. Apenas a fama as separam das demais. No palco do RioMar Entre Elas, ao contarem suas histórias de vida, mostraram que enfrentam os mesmos dilemas do dia a dia das que as assistiam na plateia. E por terem conseguido chegar onde estão, inspiram e fortalecem quem as escuta. Assim foi o encontro realizado, nesta sexta-feira (15), pelo RioMar Recife, em comemoração ao Mês da Mulher.

O evento, realizado no Teatro RioMar, contou com a mediação da jornalista da Globo News, Wanessa Andrade. No palco, cada uma com sua experiência, ressaltava a responsabilidade de ser exemplo para outras mulheres. “Não foi fácil. Sempre bati na porta de todo mundo. Sai de Campo Bom (interior do Rio Grande do Sul) e fui para São Paulo, sozinha. Eu tenho cicatrizes internas e externa (se referindo ao acidente que sofreu aos 17 anos, que deixou marcas em seu rosto). Mas eu não quero tirá-las. Elas fazem parte da minha história. Eu não sei viver sem elas”, destacou a atriz Bárbara Paz.

“A arte salvou minha vida. Sem ela, eu seria uma pessoa frustrada. A arte me colocou num lugar onde eu poderia ser várias pessoas ao mesmo tempo. Quando você é uma mãe infeliz, você faz toda a família infeliz. Aos 23 anos, com três filhos, fui bater na porta do Projac (Estúdios Globo) em busca da minha felicidade”, lembrou a pernambucana Fabiana Karla, que saiu do Recife para o Rio de Janeiro em busca do sonho de se tornar atriz. Teve a coragem de bater na porta do diretor da Rede Globo Carlos Henrique Schroder para mostrar seu trabalho. “O senhor sabe o que é vir do Nordeste com uma mala cheia de sonhos?”, perguntou na época.

A jornalista Glória Maria, primeira mulher negra a apresentar um telejornal no Brasil, compartilhou sobre o início da carreira. “Eu nasci pobre e negra. Minha família não tinha estudos. Então eu tinha que batalhar. Sou de uma época em que fazer televisão era muito difícil. Tive momentos de enormes dificuldades. Mas eu nunca pensei em desistir do jornalismo, porque desistir do jornalismo seria desistir de mim”, ressaltou.

De forma muito transparente, Bárbara declarou: “Eu tenho uma autoestima baixa. Todos os dias, luto para estar bem. Me curo diariamente através da minha arte.”

Fabiana Karla, que afirmou nunca ter entendido o que era bullying até viver a peça “Gorda”, de Neil Labute, emocionou ao descrever o que sentiu à época. Ainda que estivesse realizando um sonho, não eram raras as vezes em que chorava. Ao protagonizar a peça, que, como o nome sugere, fala de uma mulher fora dos padrões estéticos, Fabiana sentiu, pela primeira vez, na pele da personagem Helena, o tamanho do preconceito que existe contra quem é. “Meu pai, o primeiro homem que conheci na vida, me dizia que eu era linda do meu jeito. Nunca atendi essa ligação do bullying. Mas ao viver a personagem, entendi tudo o que sofre uma mulher que luta contra a balança. Passei a lutar contra todo esse padrão imposto”, afirmou.

Ao reconhecer o companheiro de emissora Francisco José na plateia, Glória Maria não deixou de brincar. “Quando entrei na TV, minha referência era Chico José. Olhem só os cabelos brancos dele”, brincou. E seguiu falando sobre suas experiências mais marcantes. “Subir pela primeira vez no Himalaia, há 25 anos, me transformou numa pessoa pronta pra tudo. Você acha que não vai conseguir. Isso talvez tenha sido o gatilho para mudar toda minha vida. Foram dez dias subindo e oito descendo, enfrentando várias dificuldades”, falou.

Sobre sonhos, cada uma revelou o que ainda gostaria de realizar. Glória Maria, que já conheceu mais de cem países, revelou que seu sonho é fazer uma matéria na Arábia Saudita. “Lá, o acesso da mulher é muito restrito. Existem lugares que as mulheres simplesmente não entram. Não teria nenhuma liberdade para trabalhar”, disse. Fabiana, que estava com a avó e a mãe presentes na plateia, afirmou que o seu sonho era realizar um cruzeiro com toda a família. Já Bárbara está a caminho de realizar um dos seus sonhos: produzir e dirigir um filme. Ela está à frente de um documentário sobre Hector Babenco, um dos maiores nomes da história do cinema nacional, com quem foi casada. “Para mim, o cinema é um alimento, assim como atuar.”

Juntos: mulheres e homens 

O discurso final das três foi unânime: para combater a desigualdade e situações de violência contra as mulheres, é preciso que todos estejam juntos (homens e mulheres), deixando o julgamento de lado. “Não precisamos pensar como a outra. Precisamos respeitar as diferenças, mas apoiando umas às outras”, disse Fabiana. “Precisamos, inclusive, trazer o homem para o nosso lado. Não podemos afastá-lo”, pontuou Bárbara. “O que nos faz diferentes, nos fortalece ainda mais”, completou Glória.

Outras histórias

Mas e as histórias do público presente na plateia? O Viva RioMar entrevistou duas mulheres, que revelaram suas vitórias.

“Não desisti da minha família. Procuro sempre estar perto dela, mas sem esquecer de mim”, Elizabeth Rocha, bancária.

“Uma das minha batalhas mais fervorosas foi ser mãe. Um sonho que tinha desde a infância. Uma batalha dolorosa que venci”, Iara Paiva, administradora.

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