Cascabulho celebra o mangue em show nostálgico
Fotos: Paloma Amorim/Especial para o RioMar

Cascabulho celebra o mangue em show nostálgico

O mangue vai além de um ecossistema. Nele (e dele) sobrevivem uma rica fauna, catadores e pescadores. Foi a partir deste ambiente que surgiu o movimento manguebeat, fundindo ritmos tradicionais como o coco, o baião e o maracatu. Para comemorar o Dia do Mangue, celebrado nesta quinta-feira (26), o RioMar Recife uniu educação e cultura. No início do dia, atividades educativas. Para encerrar, um show com a banda Cascabulho, grupo recifense que existe desde 1995, importante representante do gênero manguebeat.

O vocalista Kléber Magrão abriu o show elogiando a iniciativa. “Eu acho de extrema importância quando a iniciativa privada se apropria das questões de conscientização, com um caráter didático e pedagógico. É muito importante para as novas gerações, para que percebam a importância do mangue para a vida da cidade. Viva o mangue!”, afirmou o músico.

No repertório de hoje, o grupo tocou coco, samba, maracatu, música eletrônica. Um passeio pela obra do grupo ao longo de mais de vinte anos de carreira, com homenagens a músicos pernambucanos como Otto, Reginaldo Rossi e, claro, Chico Science. A banda também lançou durante o show o mais recente trabalho, o disco de vinil O dia em que o samba perdeu para a feijoada, que traz na capa uma belíssima ilustração do artista Neilton Carvalho.

Engajamento marca Jogando Limpo com o Mangue no RioMar

 

Entre uma música e outra, Magrão falava da importância do manguebeat para a cidade. “Nos anos 90, Recife era considerada uma das cinco piores cidades do mundo para se viver, então a alternativa de toda essa movimentação que surgiu a partir de Chico Science, Nação Zumbi, Mundo Livre, Zero Quatro, Renato L, toda aquela movimentação, foi muito importante para injetar novas ideias na música brasileira. Diante daquela situação em que o Recife se encontrava, ou você mudava o Recife ou se mudava do Recife. Então o manguebeat trouxe uma nova realidade para a cidade e, consequentemente, ganhou o mundo”, destacou.

Magrão, que faz parte da primeira formação do Cascabulho, quando Silvério Pessoa ainda estava na banda, falou sobre os próximos projetos. “Estamos trabalhando com um novo projeto, o ‘Forró do casca’, tocando com a sanfona de oito baixos”, revelou. A sanfona é aquela tocada por Januário, pai de Luiz Gonzaga, cantada em uma de suas músicas (“Luiz, respeita Januário.  Respeita os oito baixo do teu pai.”).

Com o novo projeto, o Cascabulho volta, de certa forma, para sua origem. O grupo surgiu com um trabalho que girava em torno do mito do forrozeiro Jackson do Pandeiro, quando lançou o CD Fome Dá Dor de Cabeça. Com esse disco, ganharam o Prêmio Sharp de Melhor Álbum Regional e Melhor Canção Regional.

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