Por Cacau Barros
Do RioMar Recife
Após quase dez anos em hiato, Baz Luhrmann reaparece com o mesmo charme e assinatura fílmica comum ao seu trabalho e faz de Elvis um marco cinematográfico para 2022. É possível reconhecer sua assinatura tanto nos closes, quanto nas movimentações de câmera — muitas vezes em um tom mais brusco, mas sempre lúdico.
Luhrmann, assim como sua filmografia, possui um jeito próprio de contar histórias e pode dividir a opinião dos espectadores, uns amam, outros odeiam. Porém, uma coisa é unanimidade: ele sabe contar uma história e não tem medo de fazer isso pela perspectiva do antagonista, aqui no papel do Coronel Tom Parker (Tom Hanks). A escolha, que parece ousada, traz um tom cartunesco para o personagem e nos distancia de uma possível responsabilização das polêmicas que poderiam ser destinadas ao Rei do Rock. Afinal, Elvis é mostrado a partir de uma ótica alheia e, consequentemente, ganha uma passividade capaz de presenteá-lo com o benefício da dúvida.
Uma perspectiva ousada
Outro ponto positivo da escolha da perspectiva, é o tom cartunesco citado acima, que vilaniza o personagem e coloca Elvis (Austin Butler) em contrapartida. Ou seja, desde o primeiro frame a gente já sabe que a história escolheu mostrar as ações do cantor, por mais duvidosas que tenham sido, sem assumir a discussão de certo ou errado. Uma maneira, um tanto inteligente, que o diretor e também roteirista encontrou de se aproveitar da polarização comum aos dias atuais.
Vale a pena assistir Elvis?
Além do universo que flerta com o lúdico e que sabe criar uma polêmica, está Austin Butler, intérprete de Elvis, e a montagem. Uma atuação completa, digna de indicação ao Oscar, reforçada por uma montagem que ativamente induz a comparação. Os cortes são precisos e faz você se questionar se aquela cena é uma reprodução do filme ou uma inserção de imagens de arquivos. Mais uma vez é possível reconhecer a direção de Luhrmann conduzindo cada ponto da narrativa e entendendo principalmente para quem o filme é destinado.
Por fim, é mais uma obra muito bem-sucedida do diretor, que poucas vezes deixou a desejar, e um excelente filme para se intrigar. Um exemplar que possui vida própria e reacende questões polêmicas sobre a vida do cantor. Sabendo exatamente o caminho que quer percorrer, você será conduzido às emoções mais tradicionais do cinema.
Para quem prefere um bom terror, a outra estreia já disponível no Cinemark, do RioMar Recife, fica por conta do filme O Telefone Preto, do mesmo diretor de Doutor Estranho e A Entidade, Scott Derrickson. Confira a sinopse oficial:
Em O Telefone Preto, Finney Shaw, um garoto de 13 anos, é sequestrado por um sádico serial killer (Ethan Hawke) em um porão à prova de som, onde os gritos do menino não podem ser ouvidos. Na parede do porão, Finney encontra um telefone antigo. Quando o aparelho toca, o garoto consegue ouvir a voz das vítimas anteriores do assassino, e elas tentam evitar que o Finney sofra o mesmo destino. Enquanto isso, a melhor amiga de Finney tem sonhos que indicam o lugar onde ele pode estar e corre contra o tempo para resgatar o amigo antes que seja tarde demais.
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