Estudos indicam que 85% da comunicação entre indivíduos acontece através do olhar, o que evidencia a importância da visão na vida do ser humano. Mas, apesar de tamanha relevância no meio social, a saúde dos olhos segue em baixa no Brasil: 6,5 milhões de pessoas possuem deficiência visual grave, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 80% dos casos de cegueira podem ser evitados se o paciente for diagnosticado com antecedência e receber o tratamento adequado.
“Existem doenças comuns que, se não forem tratadas, geram a perda de visão, como a catarata, que é a principal causa de cegueira reversível no mundo”, comenta a médica oftalmologista do Hospital de Olhos de Pernambuco (HOPE), Vasco Bravo Filho.
“Hoje, temos uma cirurgia de catarata rápida e indolor, com o paciente notando a melhora visual minutos após a cirurgia. O paciente já sai da sala enxergando melhor e não precisa esperar um ou dois meses para o olho cicatrizar”, prossegue a doutora. “A catarata é a opacificação da lente do cristalino, lente interna do olho que focaliza a imagem. Trata-se de uma doença progressiva, que faz a pessoa perder a visão pouco a pouco. Por isso, é comum não notar sua presença. O ideal é que o paciente vá ao oftalmologista frequentemente para evitar que a doença gere riscos de queda e acidentes”, complementa.
Outra doença lembrada é o glaucoma, caracterizado pelo aumento da pressão ocular. O tipo mais comum é o glaucoma de ângulo aberto, que age silenciosamente e gera uma lenta perda da visão, podendo ser imperceptível. O paciente não sente dor, nem nada específico que chame a atenção, por isso acaba não aderindo ao tratamento. Já o glaucoma de ângulo fechado, mais raro, requer certa urgência e seus sintomas incluem dor ocular, náuseas e distúrbios súbitos da visão.
“O tratamento dessas doenças vai além da melhoria da visão, pois tem um importante impacto na qualidade de vida do paciente. Nós vemos muitos casos de pessoas que foram diagnosticadas e receberam o tratamento adequado. Essas pessoas dependiam de cuidadores para se locomover, como subir uma escada, e hoje estão independentes”, relata Vasco.
Outro crescente aumento, sobretudo por conta da pandemia causada pela Covid-19, é o olho seco e miopia. O principal motivo para esse aumento no número, de acordo com os profissionais ouvidos pelo estudo, é a superexposição às telas, acentuada pelo ensino à distância. Lentidão, dispersão, embaçamento visual, lacrimejamento, dor de cabeça e proximidade dos olhos para ler e escrever. Esses são alguns dos principais sintomas que podem indicar que algo está errado na visão. “Ao observar esses sintomas, é fundamental ir ao médico”, indica o médico.
Para minimizar o problema, o oftalmologista elenca algumas dicas e cuidados com a saúde ocular neste período de ensino à distância: “tentar a cada meia hora fazer uma pausa de cinco minutos para mudar o campo de visão; evitar colocar brilho excessivo nas telas dos eletrônicos; procurar uma letra que fique confortável ao olhar, para evitar forçar a visão; deixar, sempre que possível, o fundo branco nas telas do computador; não aproximar demais as telas dos eletrônicos dos olhos, dar uma distância de 50cm, aumentar o consumo de água, evitar ar condicionado e diminuir o uso de lentes de contato”, finaliza.
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